“Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em justiça”. Romanos 1:18
A ira de Deus é o desprazer divino quanto ao pecado, resultando no abandono do homem ao julgamento da morte (Romanos 6:23 – “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna”, e João 3:36 – “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna, mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece”). A ira do infinito Deus não deve ser comparada à paixão humana. “Deus é amor” (1João 4:8) e, embora odeie o pecado, Ele ama o pecador. Entretanto, Deus não força Seu amor sobre aqueles que não desejam receber Sua misericórdia. Portanto, a ira de Deus contra o pecado é exercida pela retirada de Sua presença e poder vivificante daqueles que preferem permanecer no pecado, participando desta forma de seus inevitáveis resultados (Gênesis 6:3 – “Então, disse o Senhor: ‘Não contenderá o Meu Espírito para sempre com o homem’”). Isto é ilustrado pela terrível experiência dos judeus após rejeitarem a Cristo uma vez que permaneceram em sua teimosa impenitência e rejeitaram aos últimos oferecimentos de misericórdia. “Afastou Deus então deles a proteção, retirando o poder com que restringia a Satanás e seus anjos, de maneira que a nação ficou sob o controle do chefe que haviam escolhido” (1).
Quando a ira de Deus contra o pecado recaiu sobre Cristo como nosso Substituto, foi a separação de Seu Pai que Lhe causou tão grande angústia. “Para escapar a essa agonia, não deve exercer Seu poder divino. Como homem, cumpre-Lhe sofrer as consequências do pecado do homem. Como homem, deve suportar a ira divina contra a transgressão” (2). Finalmente, sobre a cruz, “a ira de Deus contra o pecado, a terrível manifestação de Seu desagrado por causa da iniquidade, encheram de consternação a alma de Seu Filho… O afastamento do semblante divino, do Salvador, nessa hora de suprema angústia, penetrou-Lhe o coração com uma dor que nunca poderá ser bem compreendida pelo homem” (3).
Portanto, da forma como Paulo explica em Romanos 1:24, 26 e 28 (“Pelo que também Deus os entregou às concupiscências do seu coração, à imundícia, para desonrarem o seu corpo entre si… Pelo que Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza… , como eles se não importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convém”), Deus manifesta Sua ira permitindo que as consequências inevitáveis da rebelião de homens impenitentes voltem sobre eles próprios. Esta resistência persistente ao amor e misericórdia divinos culmina na final revelação da ira de Deus naquele dia em que o Espírito é retirado definitivamente. Desabrigado da divina graça, o ímpio não tem proteção contra o maligno. “Ao cessarem os anjos de Deus de conter os ventos impetuosos das paixões humanas, ficarão às soltas todos os elementos de contenda” (4). Então virá fogo do céu enviado por Deus, e pecado e pecadores serão destruídos para sempre (Apocalipse 20:9 – “E subiram sobre a largura da terra e cercaram o arraial dos santos e a cidade amada; mas desceu fogo do céu e os devorou”; Malaquias 4:1 – “Porque eis que aquele dia vem ardendo como forno; todos os soberbos e todos os que cometem impiedade serão como a palha; e o dia que está para vir os abrasará, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo”; 2Pedro 3:10 – “Mas o Dia do Senhor virá como ladrão de noite, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra e as obras que nela há se queimarão”).
Porém, mesmo esta final demonstração da ira de Deus na destruição dos ímpios “não é um ato de poder arbitrário da parte de Deus. Os que Lhe rejeitavam a misericórdia ceifarão aquilo que semearam. Deus é a fonte da vida; e quando alguém escolhe o serviço do pecado, separa-se de Deus, desligando-se assim da vida. Ele está ‘separado da vida de Deus’ (Efésios 4:18). Cristo diz: ‘Todos os que Me aborrecem amam a morte’ (Provérbios 8:36). Deus lhe dá existência por algum tempo, a fim de poderem desenvolver seu caráter e revelar seus princípios. Feito isso, receberão os resultados de sua própria escolha. Por uma vida de rebelião, Satanás e todos quantos a ele se unem colocam-se em tanta desarmonia com Deus, que Sua própria presença lhes é um fogo consumidor. A glória dAquele que é amor os destruirá” (5). “O poder e autoridade do governo divino serão empregados para abater a rebelião; contudo, todas as manifestações de justiça retribuidora serão perfeitamente coerentes com o caráter de Deus, como um ser misericordioso, longânimo e benévolo” (6).
Fonte: Comentário Bíblico Adventista
- segunda-feira, setembro 14, 2015
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