A obediência que é somente externa é uma falsa obediência.
As crianças são conhecidas por colocarem para fora tudo quanto pensam, saudando um convidado para o jantar ao dizer: “Minha mãe disse que espera que você não fale sobre sua operação enquanto estamos comendo”, ou pergunta à tia Clara: “Por que os seus dentes são tão tortos?” Nós, mais velhos, encolhemo-nos e tentamos explicar a diferença entre usar tato e ser desonesto! Não é sempre uma distinção fácil.
Com freqüência, os adolescentes se queixam dos hipócritas na igreja. São rápidos em discernir um padrão duplo em seus professores e líderes. Às vezes, suas perguntas podem tornar-nos até mais embaraçados do que as francas observações de uma criança de cinco anos. Mas requerem respostas diretas, e desprezam o fingimento.
Uma expressão que recentemente ouvi de adolescentes foi: “Seja autêntico!” Foi empregada como um desafio à realidade, significando o mesmo que “Você não me pega com essa!”, ou “Você não está falando sério!”
O próprio Deus gosta da realidade! Quando Jesus aqui esteve, foi mais severo com os fariseus do que com qualquer outro tipo de pessoas. Algumas das declarações mais duras na Bíblia, são dirigidas aos hipócritas, como acontece em Apocalipse 3, onde Deus chega ao ponto de dizer que prefere o pecador declarado ao cristão fingido. Ele só não foi tão “polido” ao dizê-lo! “Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio, ou quente! Assim, porque és morno, e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da Minha boca.” Versos 15 e 16.
“Vossa justiça própria causa náuseas ao Senhor Jesus Cristo.” – Comentários de Ellen G. White, SDA Bible Commentary, vol. 7, pág. 963.
Deus insiste quanto à realidade! Ele deseja apenas a oração que procede do coração. Não quer só palavras. Ver O Maior Discurso de Cristo, pág. 86. Deseja somente as dádivas e ofertas que derivam do amor e disposição em dar. Não deseja coisa alguma que seja dada com pesar. Ver II Coríntios 9:7. Quer apenas o serviço de amor. A obediência que vem do coração.
A obediência exterior não é considerada por Deus.
“Há os que professam servir a Deus, ao mesmo tempo que confiam em seus próprios esforços para obedecer à Sua lei, formar um caráter reto e alcançar a salvação. Seu coração não é movido por uma intuição profunda do amor de Cristo, mas procuram cumprir os deveres da vida cristã como uma exigência de Deus a fim e alcançarem o Céu. Semelhante religião nada vale.” – Caminho a Cristo, pág. 43. (Grifo acrescentado).
“O homem que tenta observar os mandamentos de Deus por um senso de obrigação apenas – porque é requerido que assim faça – jamais sentirá o prazer da obediência. Não obedece. Quando, por contrariarem a inclinação humana, os reclamos de Deus são considerados um fardo, podemos saber que a vida não é uma vida cristã. A verdadeira obediência é a expressão de um princípio interior.” – Parábolas de Jesus, pág. 97. (Grifos supridos.)
Aqui deparamos com outro argumento convincente para a obediência ”natural”. Deus não considera as ”boas ações” como obediência, a menos que procedam do coração. Portanto, qualquer moralidade que possamos apresentar sem Ele, todo empenho forçado de nossa parte para fazer o que Deus nos pediu que fizéssemos, sequer conta como obediência.
Deus só reconhece a realidade! Se nossa obediência não vem do interior, não é obediência nenhuma. É isso que Jesus disse em S. Mateus 5, quando nos lembra que o ódio é a base do assassínio, e os pensamentos imorais a base do adultério. Não basta refrear-nos das más ações. O desejo pelo mal, acariciado no coração, é pecado.
Deus nos promete realidade! Ele tem mais para nos oferecer do que toda uma vida de forçar-nos a nós mesmos a fazer o que detestamos e ranger os dentes para deixar de fazer o que realmente apreciamos. Quando Ele vive Sua vida em nós, obedecemos, porque a obediência está em harmonia com nossos próprios desejos. Este é o único tipo de obediência genuína que existe.
Fonte: Justificação pela Fé.
- sábado, outubro 31, 2015
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